Música e literatura nunca foram estranhas uma à outra. O crossover da música com os livros já existe há bastante tempo.
Mas, à medida que a Propriedade Intelectual se torna um dos ativos mais valiosos e desejados e as gravadoras e empresas de gerenciamento de música buscam mais diversificação, o diálogo entre música e literatura está sendo levado ainda mais longe.
O ano de 2020 terminou com a Roc Nation, empresa do rapper Jay-Z, anunciando o lançamento de sua própria editora, como um braço da Random House, uma das maiores e mais tradicionais editoras de livros do mundo. A editora, que se chamará Roc Lic 101, vai publicar livros “na interseção do entretenimento e literatura desafiadora de gêneros”, como livros escritos pelos rappers Lil Uzi Vert, Meek Mill, Fat Joe e outros, de acordo com a revista Variety.
Mas esse cruzamento entre música e literatura não tem se resumido a livros sobre música ou músicas sobre livros. Ultimamente, temos visto obras literárias e musicais se complementando e compondo estratégias conjunta de produtos e de marketing. É o caso de artistas como a rapper americana Rico Nasty e a banda coreana BTS.
Rico Nasty lançou um livro de história em quadrinhos chamado Nightmare Vacay, como se fosse um complemento ao seu álbum Nightmare Vacation (2020). O livro é uma ficção científica sobre aventuras espaciais da rapper durante o processo de criação e gravação do álbum.
A editora que publicou Nightmare Vacay, Z2 Comics, também tem vários outros livros (já publicados ou a serem publicados) que exploram histórias de ficção conectadas a músicas de artistas como BABYMETAL e Major Lazer.
Já a empresa que gerencia a carreira da banda BTS, Big Hit, tem sua própria editora de livros, a beORIGIN. Até o fim de 2020, ela havia lançado dois livros baseados no Bangtan Universe (BU), o universo fictício no qual muitos dos clipes musicais do BTS são ambientados.
花樣年華 HYYH The Notes 2 (The Most Beautiful Moment in Life #2), lançado em 2020 como a sequência de 花樣年華 HYYH The Notes 1 (The Most Beautiful Moment in Life #1), foi publicado em cinco idiomas.
O desenvolvimento de universo fictício e a estratégia de conteúdo do BTS, que conecta diversos meios e plataformas (álbuns, performances, vídeos, posts em redes sociais, webtoons e agora também livros) é apontada pelos fãs e por acadêmicos como uma característica única da banda, que atrai fãs por meio de diversos canais além da música apenas.
Também em 2020, a Big Hit lançou uma série de livros de graphic lyrics (livros com versões estilizadas de letras de músicas, além de outras artes) baseados em letras de músicas que fazem parte do Bangtan Universe.
Álbuns como trilha sonora de livros
Ainda que não seja tão prolífico quanto a relação entre literatura e cinema ou teatro, o crossover da música com os livros não é exatamente novo.
Um dos mais antigos e mais criativos exemplos dos quais conseguimos pensar é o musical Really Rosie (1975), com composições de Carole King, que foi lançado como livro; e The Mystery Kindaichi Band (1977), um álbum lançado como se fosse de uma banda imaginária, como trilha sonora imaginária para a série de livros do detetive Kindaichi Kosuke, criado pelo celebrado escritor japonês Seishi Yokomizo.
Outro exemplo é o álbum Clockwork Angels (2012), da banda de rock Rush, um álbum conceitual para o livro de mesmo título escrito por Kevin J. Anderson, romancista e amigo do baterista da banda Neil Peart. E em 2019, o rapper americano Logic lançou o álbum Supermarket como uma trilha sonora para o livro de mesmo nome que ele escreveu.
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Porém, também pode ser uma estratégia de sucesso mesmo se um dos públicos não for tão interessado no artista quanto o outro. E no melhor dos casos, há dupla chance de receita, quando o fã compra os dois produtos.
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