Empresas de entretenimento e pessoas físicas não são os únicos investidores cientes do potencial financeiro da música e do entretenimento.
À medida que a Propriedade Intelectual (PI) surge como opção de investimento, até mesmo órgãos públicos estão investindo em direitos de PI relacionados a artes/entretenimento, especialmente royalties sobre composições musicais.
Não se pode dizer que essas entidades são players novos no mundo da aquisição de direitos de PI. Por exemplo, a criação da Imagem Music Group, uma antiga editora de música formada pelo fundo de pensão estatal holandês ABP para investir em direitos autorais de música, remonta a 2008.
No entanto, 2020 e 2021 foram anos marcantes para o mundo dos investimentos em música. Vários artistas (de Bob Dylan a Shakira) venderam seus catálogos de composições musicais, e fundos musicais como Hipgnosis gastaram mais de US$ 260 milhões em aquisições de direitos autorais.
2022 começou com a notícia de David Bowie vendendo todos os seus direitos de publicação de música para a Warner Chappell Music. Então, dá pra presumir que a música deve continuar entre os investimentos mais procurados deste ano e nos próximos.
Com tanto dinheiro fluindo no mercado do entretenimento e das artes, os fundos de investimento estão criando produtos para investidores que também querem lucrar com royalties. Afinal, há um potencial de longo prazo para canções populares e conhecidas, até que elas caiam em domínio público. Em países como Estados Unidos e Brasil, a proteção dos direitos autorais dura por 70 anos após a morte do autor.
Além disso, existem várias fontes de renda para os proprietários de direitos musicais (como licenciamento, vendas, streaming, execuções públicas etc).
Os órgãos públicos estão atentos a esse potencial todo. Fundos de pensão e outras entidades públicas estão hoje entre os maiores investidores de fundos de música, editoras e gravadoras. Alguns deles estão ganhando quase 30x seu investimento inicial, como visto em casos como os abaixo:
Caso 1: Estados Unidos
2019 — Segundo o Lansing State Journal, o fundo de pensão “ganhou cerca de U$ 700 milhões com seu investimento”.
Atualmente, a Concord Music possui os direitos autorais sobre músicas de alguns dos maiores artistas do mundo, como Beyoncé, Adele, Ariana Grande, Aretha Franklin, Lady GaGa, Eric Clapton e vários outros.
Sendo assim, não é de se espantar que o fundo de pensão tenha obtido um retorno de 28x sobre o valor investido, em menos de 10 anos.
Caso 2: Coreia do Sul
2018 — O Fundo Nacional de Pensão coreano investiu KRW 31.2 billion (à época, equivalia a cerca de U$ 27 milhões ) em ações da empresa HYBE, em seu pré-IPO.
2021 — Segundo o Blue Roof Politics, o fundo de pensão obteve um retorno de KRW 282 billion (cerca de U$ 240 milhões).
Na época do investimento feito pelo fundo de pensão coreano, a HYBE se chamava Big Hit Entertainment e era a gravadora/administradora do grupo BTS, que em 2018 já era o segundo ato musical que mais vendia discos no mundo. A partir daí, a HYBE só cresceu. Em 2021, ela também já era a dona das gravadoras e administradoras de Justin Bieber, Ariana Grande, Demi Lovato, J Balvin, TXT, ENHYPEN e outros artistas. O investimento feito pelo fundo de pensão rendeu 9 vezes o valor inicial.
Como as leis de Propriedade Intelectual podem impactar investimentos em royalties e outros ativos
Em todo o mundo, os investimentos em música, cultura, entretenimento e seus ativos relacionados à propriedade intelectual estão crescendo.
Confira nosso artigo: Fundos de investimento brasileiros apostam em royalties de direitos autorais e produtos baseados em entretenimento
Mas os riscos e lucros envolvidos em investimentos como esses podem ser impactados por vários outros fatores do que apenas a volatilidade do mercado.
Por exemplo, um fator determinante para a lucratividade dos direitos de PI são os prazos de duração desses direitos, que podem variar de país para país, e conforme cada tipo de ativo. Uma marca, por exemplo, pode ter sua vigência renovada ilimitadamente, enquanto os direitos sobre uma música ou uma patente eventualmente vão expirar e cair no domínio público.
Disputas legais sobre a titularidade dos direitos de PI também podem prejudicar o potencial de lucro, por isso é importante conhecer bem o status de um portfólio de PI antes de investir nele, verificar se há discussão judicial sobre a titularidade, ou outros fatores que possam fazer esse ativo ou seus rendimentos mudarem de dono.
Portanto, é altamente recomendável buscar conhecimento de Propriedade Intelectual, não apenas conhecimento financeiro, ao investir em direitos musicais, marcas registradas e outros direitos autorais ou ativos de PI relacionados aos negócios de arte, cultura e entretenimento.
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